sábado, 9 de fevereiro de 2019

Voluntariado e a sociedade do futuro

Se tudo der certo, ou seja, se não eclodir nenhuma nova guerra devastadora, se não desequilibrarmos irreversivelmente os processos naturais do planeta, se nenhuma inesperada catástrofe de grandes proporções cruzar nossos caminhos, afinal, como será a sociedade no futuro?

Na épica trilogia de ficção científica “Fundação”, escrita por Isaac Asimov, o personagem Hari Seldon desenvolveu uma nova ciência denominada psico-história, capaz de prever o destino de grandes populações com base em diversos parâmetros sociais, econômicos e históricos. Diante da nova ferramenta, obviamente Hari Seldon aplica as equações da psico-história para descobrir o futuro da humanidade, e a partir daí a trama se desenvolve.

Curiosamente, quando me atrevo a imaginar o futuro da sociedade, volto meu pensamento para o futuro individual de cada pessoa — justamente o que as equações da psico-história eram incapazes de prever. Só que parto de uma premissa que nem todos aceitam: nem a ciência atual, e nem o universo futurista de Asimov. Este último, mesmo permeado de todos os elementos de ficção, era constituído por pessoas exatamente como a ciência nos vê hoje: seres fruto de uma carga genética, influenciados ao longo da vida pelo ambiente social e cultural, e que saem definitivamente de cena com o advento da morte.

A premissa à qual me refiro, diz respeito à gigantesca dimensão espiritual do ser humano. De acordo com obras como “O Livro dos Espíritos”, somos espíritos imortais temporariamente encaixados na matéria em sucessivas encarnações. Tal processo teria como resultado inexorável nossa evolução, sendo impossível regredir — no máximo podemos estagnar, ou evoluir muito lentamente. E esta evolução se dá em nosso caráter, aproximando-nos cada vez mais de virtudes como a paciência, a tolerância, a compaixão, a lealdade, a honestidade, a temperança, a solidariedade, o discernimento, a humildade e o amor. Ou seja, de tempos em tempos voltamos ao palco da vida material e aos poucos vamos melhorando.

Ora, se esta premissa for verdadeira, é de se esperar que pouco a pouco nossa sociedade incorpore cada vez mais estes valores dos indivíduos em evolução que fazem parte dela. Por outro lado, dado nosso atual estágio evolutivo, tais mudanças nem sempre aparecem em escala social, e acabamos passando por altos e baixos: ditadores que subitamente assumem o poder, novas guerras ou atentados que podem surgir, turbulências e desigualdades sociais que podem se intensificar, desequilíbrios naturais por ganância e ignorância... Enfim, toda uma gama de acontecimentos que podem, sim, culminar com nosso desaparecimento como espécie no planeta (pelo menos no mundo físico).

Porém, se nada disso ocorrer, penso que teremos um futuro maravilhoso pela frente. Um futuro em que tais virtudes se traduzirão numa sociedade mais justa, tolerante, igualitária, eliminando problemas crônicos como a fome, a miséria e a violência. Um futuro em que cada um será livre para aprender genuinamente o que quiser para depois utilizar seu conhecimento e suas habilidades em prol de um bem maior. Um futuro onde poderemos todos viver, e não sobreviver como fazemos a maior parte do tempo hoje. Penso que governos que não estiverem alinhados com essa tendência evolutiva humana não se sustentarão. E os que permanecerem provavelmente irão gradativamente se unificar, eliminando barreiras e diminuindo seu tamanho até não serem mais necessários.

Observe agora que, se este cenário lhe agrada — mesmo que discorde das premissas — parte dele já pode ser vivenciado atualmente. Qualquer um que tenha algum tempo disponível, por menor que seja, e uma vontade genuína de ajudar o próximo sem se preocupar com recompensas, pode escolher um trabalho voluntário para fazer. Inúmeras organizações oferecem este tipo de oportunidade e precisam de ajuda. Quem já passou por este tipo de experiência frequentemente relata um bem-estar e uma satisfação enormes (será porque deram vazão à verdadeira natureza humana, muitas vezes escondida, e que oxalá florescerá em todo seu esplendor no futuro?). Na sociedade aqui vislumbrada, todos, sem exceção, serão voluntários em tempo integral!

Exercícios de adivinhação à parte, talvez pouco importe como será a sociedade no futuro. Importa sim trabalhar para construir a sociedade que desejamos. E mesmo neste sentido, o trabalho voluntário também pode ser uma importante ferramenta.



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